quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Avaaz.org - PARE BELO MONTE: NÃO À MEGA USINA NA AMAZÔNIA

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A Hipotese Gaia


No terceiro quarto do século XX, a ciência passou a estudar com interesse e seriedade a hipótese da Terra ser um organismo vivo e auto-regulável.
A adoção de modelos biológicos para entender o planeta, em substituição aos modelos mecanicistas e termodinâmicos, foi um gigantesco passo para a reintegração do homem com a natureza.
A entrada do terceiro milênio não é apenas um marco cronológico. É a passagem para um novo ciclo de consciência da humanidade, mais próximo da noção da unidade da vida.
A Hipótese Gaia é uma tese científica elaborada pelo químico inglês James Lovelock, em 1972, formulando a teoria de que a Terra é um organismo vivo, integrado e interativo. Essa hipótese foi fortalecida pelos trabalhos da bióloga norte-americana Lynn Margullis, no campo da microbiologia, comprovando a dinâmica dos organismos biológicos em resposta a diferentes tipos de ação humana, sempre para manter um equilíbrio entre os diversos sistemas de vida do planeta.
A Hipótese Gaia adicionada às teorias holísticas, à nova física quântica, à física relativista, às teorias de campo unificado e às recentes descobertas das supercordas caracteriza uma nova maneira de se perceber a realidade. Essa nova visão do mundo abre, pela primeira vez, um fosso entre o mundo que vemos através dos sentidos e o mundo revelado pela nova ciência, o que evidencia a idéia oriental de Maya, significando que o mundo que percebemos é uma ilusão. A realidade em si mesma é muito diferente do que aparenta ser para os sentidos humanos.
Uma parede, aparentemente sólida, é na realidade uma nuvem de elétrons em movimento próximo a velocidade da luz, havendo tanto espaço entre os átomos constituintes dessa parede, que poderia se dizer que a parede, na verdade, é um vasto espaço vazio, com uma aparência de solidez causada pelo movimento das partículas.
Da mesma forma, o planeta Terra concebido como o organismo Gaia é um fluxo efervescente de movimentos e mudanças constantes, sempre buscando uma harmonia e compensando as perdas de energia.
A hipótese Gaia tem esse nome por resgatar um antigo conceito da deusa-mãe, proveniente das antigas religiões pré-arianas, em que a Mãe Natureza era personificada através dos nomes de Gaia, Ísis, Hathor, Demeter, Ceres, Freya, Kali, Kwan Yin etc.
Praticamente todas as grandes tradições da antiguidade continham o conceito de que existia um grande organismo feminino regendo a vida da Terra.
Todos os cultos da fertilidade e da vegetação eram voltados para esse arquétipo universalizado que doava e sustentava a vida, regulando e alimentando todos os processos vitais do planeta.
Os homens da antiguidade tinham uma clara noção de que Gaia era responsável pelos ciclos da natureza, de cuja harmonia e equilíbrio os homens dependiam para sobreviver.
Eles sabiam que a natureza era generosa, porém reativa, e que reagia com fúria avassaladora para manter seu equilíbrio vital.
Por isso, Gaia era concebida no Egito como a generosa e consoladora Ísis, mas também como a terrível e destruidora deusa leoa Seckmet. Da mesma forma, os hindus percebiam Gaia como a nutridora mãe Kali, mas também como a terrível Durga, a deusa da morte com seu colar de crânios humanos.
Essas alegorias significam que Gaia rege os processos de criação, nutrição e também de destruição das formas.
Gaia, a deusa-mãe da Natureza, representa a personificação dos processos vitais que mantêm a vida no planeta, estando esses processos relacionados também à reciclagem das formas de vida, com reaproveitamento de todos os resíduos para a reconstrução de novas formas.
Para interagir de forma correta com esse grande organismo, o homem precisa se perceber como parte integrante de seus processos vitais. Poderíamos dizer que a humanidade constitui os “neurônios pensantes” do planeta, responsáveis pela construção de sua psicosfera. Homens com mentes desequilibradas só podem criar campos mentais desequilibrados, tanto em suas auras individuais, quanto na aura coletiva do planeta.
Esses desequilíbrios vão provocando agressões e desarmonias na natureza, até o ponto em que Gaia reage para eliminar a fonte de agressões e reestabelecer o equilíbrio.


O homem, em sua arrogância, imagina que pode, com sua tecnologia, livrar-se dos ritmos da natureza ou domina-los. Com isso, vai apenas acumulando desequilíbrios e tensões, que explodirão através de cataclismos ou conflitos sociais.
Essas tensões chegaram a tamanho nível de acumulação, que os sistemas vitais do planeta estão todos sob ameaças decorrentes de nosso tipo de sociedade insustentável.
No estágio em que chegamos, não há escolha: ou o homem aprende a pensar em termos holísticos, restabelecendo sua harmonia com a vida deste organismo global, ou esta sociedade será varrida da face da Terra pela fúria de Gaia.
O fato é que a humanidade fracassou como responsável pela gestão dos recursos vitais da Terra, o que nos levou a uma situação-limite, que pode inviabilizar a vida no planeta.
No momento, não temos escolha: Ou mudamos nosso modo de vida, ou nossos bisnetos terão de se mudar para outro planeta.

A hipotese Gaua